domingo, 27 de maio de 2018


O que primeiro vem à mente quando se fala em quadrinhos é a sua produção editorial, seja em forma de revistas (os gibis) ou em jornais (charges, cartuns e tiras). De fato, a popularidade dos quadrinhos ocorreu devido a essa produção, a princípio impressa, sua divulgação e comercialização em escala industrial, chegando praticamente a todos os quadrantes do mundo. O leitor comum não tem muita noção sobre isso, mas o que move a indústria das HQs são os esforços conjuntos de profissionais que, muitas vezes, nem sequer se conhecem, não têm contato entre si ou vivem em locais, culturas e países diferentes. Foram os quadrinhos os primeiros a incorporar a padronização de conteúdo, pois precisavam atingir públicos diversos em várias partes do mundo e, para tanto, abordar temáticas que não afastassem segmentos do público, mas que os atraísse. Também estiveram na vanguarda da globalização econômica nos processos de produção, buscando alternativas que garantissem a sobrevivência de seus produtos em um mercado competitivo. Já na década de 1960, revistas em quadrinhos distribuídas na América Latina eram produzidas no México, onde a indústria editorial estava mais organizada e os custos de produção eram menores.A popularidade das histórias em quadrinhos também concorreu para que surgisse uma “desconfiança” quanto aos efeitos que elas poderiam provocar nos leitores. Isso ocorreu porque, a partir do aparecimento das revistas em quadrinhos, na década de 1930, e sua disseminação massiva, com centenas de aventureiros de todos os tipos, abrangendo heróis mascarados, super-heróis, personagens antropomorfizados, crianças travessas, cowboys, exploradores interplanetários, de ambientes selvagens, as narrativas em quadrinhos passaram a se voltar quase que exclusivamente para crianças e adolescentes. Estes, segundo a visão que predominava nesse período, eram seres frágeis, altamente influenciáveis, que cediam facilmente ao que recebiam por intermédio dos quadrinhos, tendendo a reproduzir aquilo que mais os impressionava. Muitas pessoas ficaram em dúvida sobre as aventuras fantasiosas das páginas das revistas em quadrinhos e se perguntaram o quanto elas poderiam afastar seus filhos e alunos de leituras consideradas de maior profundidade (livros literários, por exemplo), dificultando seu caminho para um amadurecimento sadio. Essa preocupação representou um impedimento para a entrada dos quadrinhos nas salas de aula, banimento que ocorreu muitas vezes de forma violenta e repressora.
















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