quarta-feira, 16 de maio de 2018
Atire a primeira pedra quem nunca leu uma tira de quadrinhos antes. Ela é tão popular que merece sempre um capítulo próprio na história da história em quadrinhos. Muitos personagens famosos surgiram nelas: Fantasma, Tarzan, Mandrake, Recruta Zero, Snoopy, Garfield, Hagar, Calvin e Haroldo, entre tantos outros que poderiam ser citados. No Brasil, vale registrar, Mônica e Cebolinha também fizeram suas estreias em tiras, lá no comecinho da década de 1960, quando ainda eram publicadas em preto e branco. Por serem tão conhecidas, não é de estranhar que sejam sempre utilizadas em sala de aula e em materiais escolares. Quem já folheou algum livro didático do ensino fundamental, em particular os de português e os de línguas estrangeiras, sabe bem do que estamos falando. Elas são muito comuns nas páginas desses materiais. Um dos motivos dessa predileção pelas tiras no meio escolar pode estar relacionado aos jornais. Foi lá que essas histórias circularam durante décadas, comportamento ainda visto nos dias de hoje. Não é coincidência a presença de muitas dessas sé- ries impressas no ensino. Como muitos dos autores de materiais didáticos não são leitores habituais de revistas em quadrinhos, onde encontrariam, então, produções assim para levarem à sala de aula? Nos periódicos jornalísticos, é claro. E agora também na internet. Afinal, quantas e quantas tiras não são compartilhadas nas redes sociais diariamente? Elas são sempre um convite para se tornarem tema de alguma discussão a ser levada aos alunos em sala de aula. Ainda mais porque esse tema vem carregado de humor, já que a maioria aborda os assuntos com uma boa dose de comicidade. Mas essa é apenas a ponta do iceberg. Há muito mais a ser dito sobre elas. Como tudo na vida, quanto mais se sabe a respeito, mais eficazes são as chances de uma abordagem bem sucedida. Ainda mais se o foco é entender melhor as tiras para poder pensar em formas de como trabalhar melhor com elas no ensino. Vamos, então, aprender um pouco mais sobre o assunto?
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirIndo direto ao ponto: a tira é um formato que
ResponderExcluirpode ser moldado de diferentes modos. É importante
que isso fique claro para que se possa entender
melhor os vários exemplos delas que circulam
nas páginas dos jornais e, principalmente, na internet,
que modificou muito a maneira como elas
vinham sendo produzidas no país até então. Mas,
para compreender melhor essa história, é preciso
dar uns passos para trás, retornando lá para o iní-
cio do século XX.
Os jornais do passado encontraram nos desenhos
de humor uma forma de compor muito bem
as páginas da publicação. Como não havia ainda
fotos, os periódicos dos séculos 18 e 19 mesclavam
o noticiário com ilustrações chamadas à época
de caricaturas. Elas eram produzidas em tamanhos
diferentes. Umas maiores, equivalente a uma
página completa, e outras menores.
O número de quadros também era variável. A
arte podia ser resumida numa cena só ou então
ser dividida em várias, como as HQs fazem. Havia
um limite, claro, que eram as dimensões físicas
da página. Mas mesmo essa amarra poderia ser
contornada.
No Brasil, um imigrante italiano chamado Angelo
Agostini chegou a criar páginas duplas, como as
que fez para a revista Vida Fluminense. Uma das histórias,
“As Aventuras de Nhô Quim ou Impressões de
uma Viagem à Corte”, publicada em 30 de janeiro
de 1869, foi usada como base para consagrar a data
como o Dia do Quadrinho Nacional.
Angelo Agostini (1843-1910): um dos desenhistas
de maior destaque da segunda metade do século XX
no Brasil. Ele atuou em vários periódicos da época,
primeiro nos de São Paulo e, depois, nos do Rio de
Janeiro. O mais importante foi a Revista Illustrada,
que teve papel de destaque nas discussões sobre o
abolicionismo. Agostini é lembrado tanto como um
dos pioneiros das histórias em quadrinhos no Brasil,
quanto como um dos desbravadores da imprensa
gráfica no país.
As aventuras de Nhô Quim, de Angelo Agostini
abolicionismo. Agostini é lembrado tanto como um
dos pioneiros das histórias em quadrinhos no Brasil,
quanto como um dos