Capacitância - É a grandeza elétrica de um capacitor, determinada pela quantidade de energia elétrica que pode ser armazenada em si por uma determinada tensão e pela quantidade de corrente alternada que o atravessa numa determinada frequência.
Os criadores de heróis e super-heróis dos quadrinhos, que arquitetaram mundos originais e paisagens inteiramente novos para nós, dedicaram-se também a (re)contar histórias não tão novas, com enredos talvez não tão desconhecidos, e, especialmente, heróis emprestados de outros criadores, muitas vezes de gerações anteriores. Já a partir da década de 1940, eles se lançaram na aventura de ler e transpor os clássicos da literatura universal para os quadrinhos, uma aventura compartilhada entre leitores e criadores de toda uma geração, que pode representar uma viagem para dentro de nós mesmos, capaz de operar grandes transformações.
A ideia de emprestar da literatura enredos já testados e provados, histórias que por sua potência e por seus personagens foram capazes de atravessar os séculos para encontrar novos leitores, não é privilégio dos quadrinhos, mas, sim, uma prática cultural. Outras artes visuais, como o cinema ou, mais tarde, as novelas de TV também adotaram essa forma de transmissão de valores e conhecimento entre as diferentes gerações. Afi nal, é característica da cultura que nenhum indivíduo tenha que aprender do zero, ou seja, ele “recebe” o conhecimento acumulado pelas gerações que o antecederam. Na “cultura da convergência”, como Henry Jenkins (2009) defi ne a nossa época, não apenas a literatura emprestou seu prestígio para as novas linguagens que foram surgindo, mas todos os conteúdos passaram a ser compartilhados em múltiplas plataformas de mídia, deslizando entre elas. E, assim, as narrativas migram, enredos e personagens fi ccionais são recriados e desdobrados, enriquecendo-se a cada novo contar,
Os primeiros álbuns em quadrinhos baseados em obras literárias (ou quadrinizações) surgiram nos Estados Unidos. O editor russo Albert Kanter, radicado ali, desenvolveu uma coleção que se espalharia pelo mundo todo, encantaria os soldados no front de batalha e seria uma das grandes predileções dos leitores norte-americanos. Chamava-se Classics Illlustrated. A coleção durou 30 anos (1941 a 1971), sendo facilmente reconhecida pelos leitores pelo retângulo amarelo que trazia na capa. As revistas, inspiradas tanto em clássicos como na literatura folhetinesca anglo-saxã do século XIX, foram traduzidas para mais de 26 idiomas, em cerca de 36 países. No Brasil, bem como na Grécia, a coleção foi traduzida e enriquecida com álbuns originais, baseados em obras da literatura pátria. A coleção brasileira, publicada pela EBAL com o nome de Edição Maravilhosa, começou também com romances já provados e testados: Os três mosqueteiros e O conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, e Moby Dick, de Herman Melville, e assim por diante, totalizando mais de 400 quadrinizações em diferentes séries da editora.
O reconhecido editor brasileiro de quadrinhos, Adolfo Aizen, fundador da Editora Brasil-América Ltda (EBAL), cunhou o termo “quadrinização” para se referir à obra em quadrinhos que tomou como ponto de partida uma obra literária. Aizen foi responsável no Brasil por publicar as artes da Classics Illustrated e por promover a quadrinização de obras de autores brasileiros. Sua coleção teve 200 números na série principal, publicados entre 1948 e 1962.
Adolfo Aizen abraçou a ideia de publicar os clássicos em quadrinhos que lá fora conquistavam ao mesmo tempo o público infantil e pais e educadores, e assim cumpriam o propósito de promover os quadrinhos como linguagem. E deu certo! Somadas a iniciativas dos concorrentes, foram mais de 800 edições em formato de revistas em quadrinhos publicadas no século XX. E para mostrar que o gênero manteve sua popularidade, a Editora Abril lançou, em comemoração aos 60 anos da revista do Pato Donald, a série infantil semanal Clássicos da Literatura Disney, com 40 volumes, incluindo adaptações de vários romances, como O conde de Monte Cristo, As viagens de Gulliver, As aventuras do barão de Munchausen, e também de obras supostamente “mais graves”, como Os Miseráveis, de Victor Hugo, ou Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe. Seria pouco pensar as adaptações literárias como obras menores ou secundárias cuja função é estimular o jovem leitor a aproximar-se da obra original. Muitas adaptações literárias têm todas as qualidades de um bom álbum de quadrinhos.
Uma viagem para dentro de nós A leitura dos clássicos da literatura universal pode ser feita solitariamente ou de forma compartilhada. Você pode sempre ler a obra original, mas tenha certeza de que, ao ler a versão em quadrinhos terá a sensação de não estar só. É uma viagem diferente e nunca poderá comprometer a leitura da obra original ou outras releituras da mesma obra. Porque, afinal, cada leitura é apenas mais uma leitura. Assim, a leitura de uma quadrinização de um clássico não deve servir de “trampolim” para que o aluno leia o texto original. Os professores devem entender que o mesmo clássico, seja em suporte livro, álbum em quadrinhos, cinema e/ou teatro são linguagens distintas, com suas especificidades e características, permitindo LEITURAS diferentes, o que enriquece demais a obra. obra original ou outras releituras da mesma obra. Porque, afinal, cada leitura é apenas
mais uma leitura. Assim, a leitura de uma quadrinização de um clássico não deve servir de “trampolim” para que o aluno leia o texto original. Os professores devem entender que o mesmo clássico, seja em suporte livro, álbum em quadrinhos, cinema e/ou teatro são linguagens distintas, com suas especificidades e características, permitindo LEITURAS diferentes, o que enriquece demais a obra.
O que faz do clássico um clássico? São muitas as questões que são vivas e verdadeiras para todas as gerações. Um clássico é um modelo? Eu tenho que gostar do clássico? Quem decide o que é clássico? Os clássicos dependem do tempo para se tornar clássicos? O que faz do clássico um 166 clássico?
Não somente porque a leitura dos quadrinhos pode ser prazerosa por si só, mas também porque a quadrinização pode, sim, ser um mapa capaz de encurtar distâncias e ampliar os horizontes de compreensão da obra literária. A quadrinização pode soar como convite honroso para compreender os clássicos além de seu sentido histórico, de como a obra foi recebida pelos leitores da época, ou como um convite para ler um bom quadrinho ou tudo isso junto e ao mesmo tempo. Já pensou? Ler uma quadrinização é autorizar um artista gráfi co a apresentar sua leitura da obra clássica, provando que ela mantém sua capacidade de falar às gerações de hoje e que marcou a cultura como modelo estético, historiográfi co, político e/ou artístico. Hoje em dia existe uma grande comunidade de editores, quadrinistas e roteiristas dedicada a reler os clássicos, contribuindo para reproduzi-los ou para inová-los, atualizando o sentido desses modelos. Assim, o cânone literário tem sido constantemente revisitado por esses artistas, promovendo a leitura e a refl exão sobre as obras. O leitor pode se benefi ciar da mediação possibilitada pela visualidade dos quadrinhos e pelos registros gráfi cos da leitura do artista. O quadrinista faz o convite para guiá-lo no universo da obra e vai compartilhando com ele suas estratégias de representação, dando pistas de como dissecou o texto literário e suas estratégias retóricas para transpor esse texto para a linguagem dos quadrinhos. Com vocabulário e gramática próprios, os quadrinhos lançam mão de um amplo leque de expedientes para narrar uma história no tempo e no espaço, descrever um cenário, explorar sensações ou alcançar qualquer outra intenção comunicacional do(a) autor(a).
Os criadores de heróis e super-heróis dos quadrinhos,
ResponderExcluirque arquitetaram mundos originais e paisagens
inteiramente novos para nós, dedicaram-se
também a (re)contar histórias não tão novas, com
enredos talvez não tão desconhecidos, e, especialmente,
heróis emprestados de outros criadores,
muitas vezes de gerações anteriores.
Já a partir da década de 1940, eles se lançaram
na aventura de ler e transpor os clássicos da literatura
universal para os quadrinhos, uma aventura
compartilhada entre leitores e criadores de toda
uma geração, que pode representar uma viagem
para dentro de nós mesmos, capaz
de operar grandes transformações.
A ideia de emprestar da literatura enredos já testados
ResponderExcluire provados, histórias que por sua potência e
por seus personagens foram capazes de atravessar
os séculos para encontrar novos leitores, não é privilégio
dos quadrinhos, mas, sim, uma prática cultural.
Outras artes visuais, como o cinema ou, mais tarde,
as novelas de TV também adotaram essa forma de
transmissão de valores e conhecimento entre as diferentes
gerações. Afi nal, é característica da cultura
que nenhum indivíduo tenha que aprender do zero,
ou seja, ele “recebe” o conhecimento acumulado
pelas gerações que o antecederam. Na “cultura da
convergência”, como Henry Jenkins (2009) defi ne
a nossa época, não apenas a literatura emprestou
seu prestígio para as novas linguagens que foram
surgindo, mas todos os conteúdos passaram a ser
compartilhados em múltiplas plataformas de mídia,
deslizando entre elas. E, assim, as narrativas migram, enredos e personagens fi ccionais são recriados e
desdobrados, enriquecendo-se a cada novo contar,
Os primeiros álbuns em quadrinhos baseados
ResponderExcluirem obras literárias (ou quadrinizações) surgiram
nos Estados Unidos. O editor russo Albert Kanter,
radicado ali, desenvolveu uma coleção que se espalharia
pelo mundo todo, encantaria os soldados
no front de batalha e seria uma das grandes predileções
dos leitores norte-americanos. Chamava-se
Classics Illlustrated. A coleção durou 30 anos (1941
a 1971), sendo facilmente reconhecida pelos leitores
pelo retângulo amarelo que trazia na capa.
As revistas, inspiradas tanto em clássicos como na
literatura folhetinesca anglo-saxã do século XIX, foram
traduzidas para mais de 26 idiomas, em cerca
de 36 países. No Brasil, bem como na Grécia, a coleção
foi traduzida e enriquecida com álbuns originais,
baseados em obras da literatura pátria. A coleção
brasileira, publicada pela EBAL com o nome de
Edição Maravilhosa, começou também com romances
já provados e testados: Os três mosqueteiros e
O conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, e
Moby Dick, de Herman Melville, e assim por diante,
totalizando mais de 400 quadrinizações em diferentes
séries da editora.
O reconhecido editor brasileiro de quadrinhos,
ResponderExcluirAdolfo Aizen, fundador da Editora
Brasil-América Ltda (EBAL), cunhou o termo
“quadrinização” para se referir à obra em
quadrinhos que tomou como ponto de partida
uma obra literária. Aizen foi responsável no Brasil por publicar as artes da Classics
Illustrated e por promover a quadrinização
de obras de autores brasileiros. Sua coleção
teve 200 números na série principal, publicados
entre 1948 e 1962.
Adolfo Aizen abraçou a ideia de publicar
ResponderExcluiros clássicos em quadrinhos que lá fora conquistavam
ao mesmo tempo o público infantil e pais
e educadores, e assim cumpriam o propósito de
promover os quadrinhos como linguagem. E deu
certo! Somadas a iniciativas dos concorrentes, foram
mais de 800 edições em formato de revistas
em quadrinhos publicadas no século XX. E para
mostrar que o gênero manteve sua popularidade,
a Editora Abril lançou, em comemoração aos 60
anos da revista do Pato Donald, a série infantil semanal
Clássicos da Literatura Disney, com 40 volumes,
incluindo adaptações de vários romances,
como O conde de Monte Cristo, As viagens de
Gulliver, As aventuras do barão de Munchausen,
e também de obras supostamente “mais graves”,
como Os Miseráveis, de Victor Hugo, ou Os sofrimentos
do jovem Werther, de Goethe.
Seria pouco pensar as adaptações literárias
como obras menores ou secundárias cuja função
é estimular o jovem leitor a aproximar-se da obra
original. Muitas adaptações literárias têm todas as
qualidades de um bom álbum de quadrinhos.
Uma viagem para dentro de nós
ResponderExcluirA leitura dos clássicos da literatura universal
pode ser feita solitariamente ou de forma
compartilhada. Você pode sempre ler a obra
original, mas tenha certeza de que, ao ler
a versão em quadrinhos terá a sensação
de não estar só. É uma viagem diferente
e nunca poderá comprometer a leitura da
obra original ou outras releituras da mesma
obra. Porque, afinal, cada leitura é apenas
mais uma leitura. Assim, a leitura de uma
quadrinização de um clássico não deve servir
de “trampolim” para que o aluno leia o texto
original. Os professores devem entender que
o mesmo clássico, seja em suporte livro, álbum
em quadrinhos, cinema e/ou teatro são
linguagens distintas, com suas especificidades
e características, permitindo LEITURAS
diferentes, o que enriquece demais a obra. obra original ou outras releituras da mesma
obra. Porque, afinal, cada leitura é apenas
mais uma leitura. Assim, a leitura de uma
ResponderExcluirquadrinização de um clássico não deve servir
de “trampolim” para que o aluno leia o texto
original. Os professores devem entender que
o mesmo clássico, seja em suporte livro, álbum
em quadrinhos, cinema e/ou teatro são
linguagens distintas, com suas especificidades
e características, permitindo LEITURAS
diferentes, o que enriquece demais a obra.
O que faz do clássico um clássico?
ResponderExcluirSão muitas as questões que são vivas e
verdadeiras para todas as gerações. Um
clássico é um modelo? Eu tenho que gostar do clássico? Quem decide o que é clássico?
Os clássicos dependem do tempo para se
tornar clássicos? O que faz do clássico um
166
clássico?
Não somente porque a leitura dos quadrinhos
ResponderExcluirpode ser prazerosa por si só, mas também
porque a quadrinização pode, sim, ser um mapa
capaz de encurtar distâncias e ampliar os horizontes
de compreensão da obra literária.
A quadrinização pode soar como convite honroso
para compreender os clássicos além de seu
sentido histórico, de como a obra foi recebida
pelos leitores da época, ou como um convite
para ler um bom quadrinho ou tudo isso junto e
ao mesmo tempo. Já pensou?
Ler uma quadrinização é autorizar um artista
gráfi co a apresentar sua leitura da obra clássica, provando
que ela mantém sua capacidade de falar às
gerações de hoje e que marcou a cultura como modelo
estético, historiográfi co, político e/ou artístico.
Hoje em dia existe uma grande comunidade de
editores, quadrinistas e roteiristas dedicada a reler
os clássicos, contribuindo para reproduzi-los ou
para inová-los, atualizando o sentido desses modelos.
Assim, o cânone literário tem sido constantemente
revisitado por esses artistas, promovendo
a leitura e a refl exão sobre as obras.
O leitor pode se benefi ciar da mediação possibilitada
pela visualidade dos quadrinhos e pelos
registros gráfi cos da leitura do artista. O quadrinista
faz o convite para guiá-lo no universo da obra e vai
compartilhando com ele suas estratégias de representação,
dando pistas de como dissecou o texto literário
e suas estratégias retóricas para transpor esse
texto para a linguagem dos quadrinhos. Com vocabulário
e gramática próprios, os quadrinhos lançam
mão de um amplo leque de expedientes para narrar
uma história no tempo e no espaço, descrever um
cenário, explorar sensações ou alcançar qualquer
outra intenção comunicacional do(a) autor(a).